Canastrice + explosões + nostalgia: a receita de "Os Mercenários 3"

Quando foi lançado, em 2010, Os Mercenários não correspondeu às expectativas de quem esperava um longa que resgatasse o espírito dos fil…

Quando foi lançado, em 2010, Os Mercenários não correspondeu às expectativas de quem esperava um longa que resgatasse o espírito dos filmes de ação da década de 80 - parecia ser essa, afinal, a proposta de Sylvester Stallone ao recrutar nomes como Bruce Willis, Dolph Lundgren e Mickey Rourke. Mas o que se viu foi uma produção que pouco lembrava aquela época. Além disso, se revelou um erro levar muito a sério uma trama sustentada por tantos personagens estereotipados. Dois anos depois, a trupe retornou aos cinemas, mais recheada, com Schwarzenegger e Chuck Norris a bordo, além de Jean-Claude Van Damme como vilão. Com uma trama mais simplória e abraçando com gosto a autoparódia, Os Mercenários 2 dispara tiros e piadas na mesma intensidade e com a mesma eficiência.

Assim, após mais um intervalo de dois anos, Stallone e sua cada vez mais numerosa turma apresentam Os Mercenários 3 (The Expendables 3, Estados Unidos, 2014) - desta vez já adotando de vez o tom canastrão que a série parecia relutar em assumir. Assim como no longa anterior, a metalinguagem é bastante frequente no roteiro ("roteiro", aqui, talvez seja uma palavra um pouco forte), como a prisão do personagem de Wesley Snipes e a ocupação de Harrison Ford na equipe: o primeiro esteve preso até pouco tempo, e o segundo é piloto profissional. Nomes novos na franquia, Snipes e Ford chegam acompanhados de Antonio Banderas e Mel Gibson, além de uma nova geração de mercenários formada por Kellan Lutz, Ronda Rousey e Victor Ortiz, entre outros.

Desde a sequência inicial, fica claro o objetivo do velho Sly e do diretor Patrick Hughes. Longe de qualquer tentativa de soar minimamente dramático, o filme é um verdeiro desfile de caras feias, frases de efeito e um sem-fim de explosões exageradas (algumas realizadas com efeitos realmente ruins). O enredo, ainda mais simples e escapista que os anteriores, coloca Barney Ross (Stallone) frente a frente com o ex-colega, hoje inimigo mortal, Stonebanks (Gibson). Após ver o vilão sequestrar seus jovens mercenários, Barney se reúne aos velhos aliados e, juntos, mostram que cicatrizes, experiência e o desejo de atirar em qualquer coisa que se mova são fatores determinantes para o sucesso de uma equipe como a deles. 

Do ponto de vista cinematográfico, Os Mercenários 3 é falho do início ao fim. Mesmo as cenas de ação - em teoria o grande atrativo de filmes assim - são inconstantes e, por vezes, mais longas do que deveriam ser. O resultado é um filme arrastado, cuja metragem poderia facilmente ser podada em pelo menos 20 minutos. Apesar disso, para qualquer fã do clássico cinema de ação oitentista, é um enorme prazer ver rostos tão familiares (e enrugados) juntos, divertindo-se na tentativa de divertir o público. Estamos falando, no fim das contas, de um filme que reúne Rambo, o Exterminador, Indiana Jones, Mad Max e, vá lá, o Zorro. É nesse clima nostálgico que a história se apoia e acaba encontrando seu porto seguro. Uma nova continuação é inevitável (até Pierce Brosnan deverá entrar na brincadeira), e a expectativa é que, da próxima vez, não apenas a nostalgia, mas um bom roteiro seja o motivo da reunião desses ícones do cinema pipoca.

A+
A