'O Aprendiz de Assassino', de Robin Hobb

E mais uma vez a Editora Leya nos apresenta uma obra com conteúdo, qualidade e que tem tudo para ser apreciado pelos fãs da fantasia. …
E mais uma vez a Editora Leya nos apresenta uma obra com conteúdo, qualidade e que tem tudo para ser apreciado pelos fãs da fantasia.

Desde que eu li "Guerra dos Tronos" do aclamado George Martin, eu estava à procura de algum tipo de "meio-termo" entre divertido e agradável. Na literatura de Hobb eu acredito que encontrei esse meio termo. 'O Aprendiz de Assassino' é a minha primeira incursão no mundo de fantasia criado por Robin Hobb e posso afirmar que foi uma descoberta mais que bem vinda.

O protagonista é Fitz, aka Bastardo, e começamos o livro com ele relembrando o passado. Já bem mais velho (idade desconhecida), ele nos conta como ele foi deixado por sua mãe aos cuidados de seu pai, o príncipe Cavalaria, quando ele tinha, provavelmente, em torno de seis anos, e esse acontecimento marca a abdicação de Cavalaria como Príncipe Herdeiro. Nos anos vindouros, ele é criado pelo cocheiro de seu pai, Bronco, e muitas vezes visto como a desgraça que se abateu no reino, e alguns até pensam que talvez a situação não estivesse tão critica se o bastardo do príncipe e sua infidelidade não tivessem tirado-o de cena. Porém, Fitz na verdade é o desvio em uma corrente de erros que pode salvar o reinado. Fitz, um dia, será conhecido como o Catalisador, O Causador de Mudanças.

Inesperadamente, ele é escolhido para ser o aprendiz do antigo assassino do rei, e deve aprender a arte de se esgueirar, ouvir e matar sorrateiramente. Ele também deve aprender o Talento, uma arte que se mostra ainda mais difícil do que assassinar, com empecilhos inesperados se colocando em seu caminho. Com o tempo passando e Fitz tornando-se um homem, as missões moldam sua alma, tornando-o cada vez mais solitário e abrindo seus olhos para o que realmente acontece em Torre do Cervo e uma coisa é certa: ninguém é o que parece.

Hobb tem um domínio da escrita que está faltando a maioria dos livros de fantasia. Destaque para sua incrível capacidade de criar personagens com um perfil psicológico convincente. Seus personagens realmente se fazem sentir. A Forma como desenvolve cada pedaço do que se tornará cada personagem, com suas idéias, crenças, aprendizados e descobertas vão moldando aos poucos os integrantes dessa fascinante história.

Com uma narrativa concisa, mas ainda assim exuberante, sem se prender a detalhes infinitesimais, Hoob faz você devorar página após página. Ao ler o livro eu realmente senti que havia alguma coisa acontecendo o tempo todo, que todos os eventos que estavam acontecendo tinham um motivo, uma ligação e uma razão "Plausível” do porque estarem acontecendo. (Isso é outra falha das fantasias hoje: se perderem tanto em narrativa, que infelizmente as vezes se chega num ponto onde é simplesmente impossível descobrir como a historia chegou até ali). 

O enredo é permeado por muitas coisas que ainda serão explicadas, e a principal delas é um certo tipo de magia, chamada Talento. Somente os que possuem sangue real e são fortes o suficiente, conseguem manipular a mente de forma que conversem e influenciem a mente de outras pessoas. Como esse é o 1º livro de uma trilogia, muitos pontos ainda serão respondidos, revelados e assim acompanharemos o crescimento de Fitz e sua transformação à “assassino do rei”

Acredito que os próximos livros serão tão bacanas quanto esse, que realmente indico para quem adora histórias de fantasia. Depois de poucas páginas já nos vemos torcendo pelo protagonista e ansioso por descobrir como se dará o desenrolar dessa nova aventura épica.

"É uma coisa inebriante ser subitamente proclamado o centro do mundo de alguém… Isso me fez perceber o quão profundamente sozinho eu me sentia, e há muito tempo."
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