Eros Ramazzotti não compromete em 'Perfetto', mas também não empolga

Eros Ramazzotti nunca foi de correr muitos riscos, musicalmente falando. Seu estilo tem um público cativo, que raramente se descontenta …

Eros Ramazzotti nunca foi de correr muitos riscos, musicalmente falando. Seu estilo tem um público cativo, que raramente se descontenta com seu trabalho. Foi ele pisar fora da linha para os fãs imediatamente chiarem: "Alla Fine Del Mondo", primeiro single do novo álbum, "Perfetto", teve uma das piores recepções já vistas para uma canção do astro italiano. Por quê? Aparentemente, Eros "foi longe demais" ao mesclar elementos de country e folk à sua fórmula tradicional. Bobagem. É, com sobras, uma das melhores coisas que ele fez nos últimos anos, além de propiciar uma bela abertura a um disco que, embora não possa ser considerado ruim, passa longe das pretensões de seu título.

Não que Eros precise ousar mais para tornar sua música mais atraente: seus últimos trabalhos, "Ali E Radici" (2009) e "Noi" (2012) definitivamente não são fugas de sua zona de conforto, mas em ambos o resultado é mais consistente, mais dinâmico. Falta isso a "Perfetto", que alterna bons momentos a outros sonolentos, sem nunca conseguir decolar. Mesmo sua produção, caprichada como em qualquer álbum do artista, acaba reforçando essa insossa sensação de linearidade no disco, salvo pela sempre envolvente performance de Eros, cuja voz, aos 51 anos, continua impecável.



Mas vá lá, estamos falando de um dos mais bem-sucedidos músicos italianos da história, que já dividiu vocais com gente do naipe de Tina Turner, Joe Cocker e Cher, e é responsável por um caminhão de hits, como "Cose Della Vita", "Un'altra Te" e "Un'emozione per Sempre". Deve, portanto, haver algo em "Perfetto" que faça jus a isso, não? Algumas faixas parecem levar Eros de volta aos tempos de "Cuori Agitati" (1985) "In Certi Momenti" (1987), como "Il Tempo Non Sente Ragione" e "Sbandando" (esta especialmente, com uma aura que remete muito aos referidos álbuns), duas das melhores deste trabalho.

"Vivi E Vai", com sua batida forte acompanha por guitarra e sintetizadores, é o ápice desse breve flerte de Eros com sua fase oitentista. Com meio disco pela frente, "Perfetto" vai perdendo seu charme, e canções como "L'amore E' Un Modo Di Vivere", "Il Viaggio" e "Buon Natale (Se Vuoi)" poderiam facilmente ser guardadas para uma edição Deluxe. O resultado teria sido inegavelmente mais enxuto e coeso. Após dois bons registros, Eros deixou a desejar desta vez. Mas fazer o quê... Nessuno è perfetto...

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