'A Livraria Mágica de Paris', de Nina George

Os livros podem fazer muitas coisas, mas não tudo. As coisas mais importantes a gente deve viver. Não ler. Preciso... vivenciar meu li…

Os livros podem fazer muitas coisas, mas não tudo. As coisas mais importantes a gente deve viver. Não ler. Preciso... vivenciar meu livro. (p. 247)
Memórias são como lobos. Não se pode encarcerá-las e esperar que deixem você em paz. (p. 12)
Pensa em um livro mimoso. Agora multiplica. Cheio de referências, citações e indicações é um livro que conquista o leitor nas primeiras páginas. Entrou rápido para minha lista de desejados quando fiquei sabendo da temática do livro e tornou-se uns dos meus favoritos da vida.

Em 'A Livraria Mágica de Paris', da autora alemã Nina George, conhecemos o livreiro parisiense Jean Perdu, sua forte ligação com livros e sua incrível jornada de libertação. Em seu barco-livraria, chamado de Farmácia Literária, Perdu não apenas vende livros, lê a alma de seus clientes, identifica personalidades e ‘receita’ exatamente o que cada deles precisa no momento, curando-os através das palavras. Existe apenas uma pessoa que Perdu não conseguiu identificar e prescrever uma cura: ele mesmo.
Sanary diz que, para encontrar as respostas para nossos sonhos, é preciso navegar para o sul. E que é possível se reencontrar lá, mas apenas se a gente se perder no caminho, se a gente se perder totalmente. Pelo amor. Pela saudade. Pelo medo. No sul, deve-se ouvir o mar para entender que o riso e o choro se parecem muito, e que a alma às vezes precisa chorar para ser feliz. (p. 83)
Há 21 anos, desde que Manon, a única mulher que amou, o abandonou enquanto dormia, deixando apenas uma carta que nunca teve coragem de ler, Jean Perdu vive em seu mundo particular, sem encontrar respostas, com seus conflitos internos, amargurado e sem ver beleza na vida. 

Com cinquenta anos, Perdu se tornou um homem solitário e reservado e após circunstâncias que o obrigam a ler a carta, vê sua vida mudar drasticamente. Acompanhado do vizinho, e jovem escritor, Max Jordan e do cozinheiro Salvatore Cuneo, Perdu parte em uma viagem pelos rios da França em busca de respostas, de libertação e reencontro de si mesmo, experimentando novas e velhas sensações a muito esquecidas. É com a ajuda de novos amigos que Perdu junta os pedaços, redescobre o amor e a vida e volta a construir sua história.
Ler é uma viagem sem fim. Uma viagem longa, até mesmo eterna, na qual nos tornamos mais brandos, mais carinhosos e mais humanos. (p. 116)
Nina George desenrola a história de modo que passado e presente de Perdu vão se entrelaçando aos poucos. É encantador, cheio de referências e indicações literárias. 'A Livraria Mágica de Paris' é de uma delicadeza sem tamanho, forte, tocante, profundo e intenso. 

Não é um "livro que fala sobre livros", mas sim da história e trajetória de um homem e seus livros. É um livro sobre perdas, paixões, tristeza, amor, rancor, dor e perdão. É sobre desfazer as amarras do passado, sobre (re) descobrir e reaprender. É sobre se perder e se reencontrar, sobre aceitar o que a vida lhe o oferece e se oferecer pra vida. É daqueles livros cheio de sentimentos e ensinamentos, pra levar no coração e reler em todos os momentos da vida.
Jean Perdu pensou nas Estações de Hesse. A maioria das pessoas conhecia a frase: "Em cada início habita um encanto..." Mas o complemento "que nos protege e nos ajuda a viver" apenas poucos conheciam - e quase ninguém compreendia que Hesse não se tratava de recomeço.
Tratava da preparação para a despedida.
Despedida dos costumes.
Despedida das ilusões.
Despedida de uma vida que ficara para trás havia muito e na qual se era apenas uma casca que, de vez em quando, era agitada por um suspiro. (p. 215)
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