'Um Dia Cinco Estrelas' mostra as incoerências de seu protagonista

Filme, com direção Hsu Chien, chega aos cinemas na quinta, 06 de Julho


A comédia nacional 'Um Dia Cinco Estrelas' chega aos cinemas em 06 de Julho, com distribuição da Paris Filmes. O filme tem roteiro de Ricky Hiraoka e Cris Wersom, com direção Hsu Chien ('Quem Vai Ficar com Mário?' e 'Desapega!'). O All POP Stuff participou da cabine digital do filme, à convite da assessoria Primeiro Plano.

Assim como é exibido no trailer, uma das primeiras cenas do filme é Pedro Paulo (Estevam Nabote) com seu Mozão, um Opala dos anos 70, uma das poucas lembranças físicas que restaram do falecido pai. Naquele momento, o personagem estava desempregado e se autodenominava um bom dono de casa.


Com a chegada de Dona Nilda (Nany People), sua mãe, para comemorar seu aniversário antes da sonhada ida a Buenos Aires, Pedro já se vê constrangido, ao levar um puxão de orelha de Tia Rose (Luciene Adami). Ele simplesmente esqueceu de buscar a mãe na rodoviária e esse foi só o primeiro esquecimento do personagem.

Pedro é casado com Manuela (Aline Campos), uma atendente de loja popular que sonha em subir de cargo e atingir a vaga da gerência. Os dois tem Vitória (Nick Chagas), uma encantadora pré-adolescente que sabe se divertir com a avó e é cuidadosa com todos.


Retomando a afirmação de Pedro se dizer um bom dono de casa, ele, mesmo percebendo os problemas que a casa tinha, como o telhado que precisava ser trocado, preferia adiar a situação do que resolver. Afinal, para resolver, ele precisava de dinheiro. Isso envolveria trabalho e, aparentemente, o que ele mais queria fazer era ficar próximo de seu carro.

Mesmo com a solução prática de escolher ser motorista de aplicativo, para pagar a troca do telhado da casa (bancada pela mãe, que era uma mera visita), Pedro ainda é muito apegado ao carro e tem dificuldade de aceitar que as pessoas não tem o mesmo apreço pelo seu Mozão.

Fora isso, seu descuido vai muito além do telhado furado. Ele simplesmente esquece o aniversário da mãe, tenta concertar com uma tarde no spa - organizada as pressas pela Tia Rose - e uma "cesta argentina", já que a viagem de sua mãe foi adiada e ele queria manter a referência a Buenos Aires.


Entre muitas confusões, idosos assaltantes, um parto no carro, policiais à paisana, uma fantasia de coração, invasão em um quarto de hotel e um anúncio errado de promoção no microfone da loja, o filme termina com uma festa de aniversário para Dona Nilda. E pasmem: não foi organizada pelo filho, apesar de ganhar os créditos. Assim, infelizmente, a festa fica só na história.

O que posso dizer é que o filme não funciona, principalmente na escolha do protagonista (tanto ator como personagem). Em inúmeros momentos é difícil compreender as falas de Pedro Paulo. Seu personagem é só desleixado e incoerente com suas escolhas e, mesmo percebendo seus erros, não parece estar disposto a melhorar.

Seria uma história muito melhor se Dona Nilda fosse a verdadeira protagonista. Ela e Tia Rose garantem os verdadeiros momentos de humor do filme e brilham muito nas cenas que fazem juntas, principalmente no spa (a cena da massagem tântrica é realmente hilária). 

Obviamente que se a perspectiva do filme fosse a partir de Dona Nilda, teríamos uma espécie de 'Minha Mãe é uma Peça', mas acho que seria uma solução muito mais acertada e prenderia o público facilmente.

*Texto iniciado no Letterboxd
Postar um comentáriofacebookdisqus

0/0 Comentários/Comentários

A+
A