ASL anuncia vencedores de concurso literário e abre inscrições para ilustradores

A Academia Santa-Mariense de Letras (ASL) anunciou nesta terça-feira, 16 de julho, os vencedores do XIII Concurso ASL de Literatura Infantil - Prêmio Ignez Sofia Vargas. A premiação, que integra o calendário cultural da cidade, tem como principal objetivo incentivar a criação literária inédita voltada ao público infantil e revelar novos talentos da escrita e da ilustração em Santa Maria (RS).

A grande vencedora da edição 2025 foi Caroline Leonhardt Romanowski, autora do texto “Uma Viagem no Tempo: A Cidade dos Dinossauros”. Três outros autores foram reconhecidos com Menções Honrosas pela qualidade e criatividade de seus textos:

• “O Sapo Cururu”, de Alexandre Barin
• “Lia, a fada que guardava silêncios”, de Amarildo Luiz Trevisan
• “Anna e os amigos fora da tela”, de Juliana Roveda Severgnini

Com o texto vencedor definido, tem início agora a segunda etapa do concurso: a seleção do ilustrador. A inscrição é gratuita e aberta a residentes em Santa Maria, com idade mínima de 18 anos.

• Inscrições: 23 de julho a 15 de agosto de 2025
• A entrega deve ser realizada na Biblioteca Pública Municipal Henrique Bastide (Av. Presidente Vargas, 1300 - Largo da Locomotiva)
• Regulamento completo aqui.

Cada inscrito receberá o texto vencedor impresso e, posteriormente, por e-mail, a versão diagramada com páginas seccionadas para ilustração. As propostas devem ser entregues até 5 de setembro, e o ilustrador selecionado terá seu nome na capa do livro, receberá R$ 1.500,00 e 50 exemplares e participará da Feira do Livro de Santa Maria (2026).

O livro será lançado em um evento no dia 05 de dezembro de 2025, com a presença da autora e ilustrador(a) selecionado(a), acadêmicos da ASL, representantes das entidades apoiadoras e convidados. Parte da tiragem será destinada à distribuição gratuita para escolas, bibliotecas públicas e entidades socioculturais de Santa Maria, reforçando o compromisso do projeto com o acesso ao livro e à formação de leitores.

Acompanhe o Facebook ou Instagram da Academia Santa-Mariense de Letras para atualizações sobre o cronograma, materiais de divulgação e orientações de inscrição para ilustradores.

Entrevista com Isabela Jann de Jesus, ilustradora vencedora da edição anterior

Se divirta fazendo - isso aparece no resultado.

Vencedora da etapa de ilustração em 2024, a artista Isabela Jann de Jesus compartilha abaixo sua experiência criativa, desafios técnicos e o que acredita ser o verdadeiro papel da ilustração na literatura infantil:

Foto: Fabiano Machado

Como foi o seu processo de criação ao ilustrar o texto vencedor? Houve alguma imagem ou cena específica que despertou mais emoção ou desafio?

Quando peguei o texto vencedor, já criei um milhão de imagens de como poderiam ser cada verso, porém, como todo ilustrador sabe, o difícil é trazer isso para a realidade. Eu sempre tento expandir o universo do que foi escrito, embora os personagens já tivessem suas personalidades básicas, eu sempre procuro colocar elementos e um histórico (que provavelmente só eu vou saber), para aí sim entender a motivação daqueles personagens. Como o quati não é um animal comum, tive que procurar algumas referências de como outras pessoas haviam trazido ele à vida, elementos básicos que tiram ele do animal, e trazem para o personagem. Com a ideia do personagem principal pronto, fui atrás de referências de perspectiva para poder criar o mundo que havia idealizado, sempre acabo começando pelo cenário, e dai encaixo os personagens nele. Repeti isso para todas a páginas, e assim nasceu o livro! Acredito que é quase impossível você conseguir ilustrar algo sem pelo menos uma ajudinha de outras pessoas, o mundo é muito grande e tudo já foi feito, mas é como você se inspira e transforma aquilo em seu, que mostra o seu diferencial. Minha página favorita foi a da "selfie", adorei poder focar no design dos personagens, até porque acredito que mostra muito bem a personalidade de cada um, além de ser algo super atual que conecta com as crianças. Agora, a que foi mais desafiadora, foi com certeza a que o Titi conversa com os pássaros, por algum motivo tive muita dificuldade com a perspectiva da página no geral, então foi muita tentativa e erro.  Pra mim, é muito importante trazer a personalidade de todos os personagens o máximo possível, pois se torna quase um jogo de pistas para a criança, ela olha e precisa decifrar o que está acontecendo na página, o que vem além das palavras escritas.

Na sua opinião, qual é o papel da ilustração em uma obra infantil? O que você busca transmitir por meio das imagens que cria para crianças?

Além de chamar atenção da criança, acredito que incentiva o imaginário dela. Quando uma criança pega um livro na mão e lê, ela procura algo além das palavras, ela precisa de algo que traduza aquilo que está sendo dito, como eu já comentei, eu procuro sempre expandir o universo que foi criado pelo autor, e, a partir do que eu desenho, ela pode ir além. Recentemente visitei uma escola pra falar do meu processo de criação e fiz uma atividade com as crianças, e achei muito interessante como as elas reagiam quando eu falava dos desenhos delas. Elas sempre chegavam apontando os erros e falando que estava horrível, mal desenhado e etc, mas era só eu dizer como eu entendia o que elas queriam dizer, que elas desabrochavam e ficavam felizes. Crianças adoram criar, desenhar e pintar, mas acreditam não ser boas o suficiente, ver uma história "pronta", que já atribui personalidade e características básicas, permite que elas possam inventar ainda mais. Uma das frases que eu trouxe era sobre um gato em um telhado, uma das meninas fez um gato-naruto, outro colocou o Homem-Aranha na história. A ilustração infantil permite que a criança enxergue que as possibilidades são infinitas, elas podem fazer o que quiserem, pois não existe errado quando se trata disso!

Que conselho você daria para quem está pensando em se inscrever como ilustrador nesta nova edição do concurso?

Não se limite para aquilo que você é acostumado. Crianças gostam de variedade, cores vibrantes, não precisa ter medo de experimentar! Também, sempre muito importante, é ouvir o feedback, as vezes a gente fica tão imerso no universo que a gente cria, que acaba não vendo a situação no geral, e pode acabar até se ofendendo se alguém fala que não está muito legal. Meu conselho no final acaba sendo: se divirta fazendo, que isso vai acabar transparecendo no seu trabalho!