Unidos venceremos

Foi em 2008, com  Homem de Ferro , que a Marvel começou a apresentar seus planos para uma futura união dos seus principais heróis, já na…
Foi em 2008, com Homem de Ferro, que a Marvel começou a apresentar seus planos para uma futura união dos seus principais heróis, já na autonomia de estúdio e lançando o primeiro de cinco filmes (os outros foram O Incrível Hulk, Homem de Ferro 2, Thor e Capitão América: O Primeiro Vingador) cujos eventos iam gradualmente se adequar à trama de Os Vingadores. (No blog Lucas Filmes há um ótimo post com a reunião de várias pistas deixadas nas produções individuais dos heróis.) Assim, o público foi alimentado com a expectativa de um verdadeiro filme-evento, tal era a preparação. E, sob o comando de Joss Whedon, é exatamente isso que Os Vingadores: The Avengers (The Avengers, Estados Unidos, 2012) alcança — a qualidade de blockbuster que entende e recompensa a espera dos espectadores sem se esquecer de elementos básicos da narrativa cinematográfica. Há cenas em que os personagens podem mostrar seus interesses, muitas batalhas em que podem exibir suas habilidades, e mais um punhado de tiradas cômicas e frases de efeito, que se estabelecem em torno de uma trama básica, mas suficiente para organizar o desenrolar da história. Whedon, que dirige e escreve, não procura criar maiores discussões ou significados, mas é extremamente coerente e cuidadoso na abordagem que escolhe — a ação é impecavelmente coordenada, o texto é ágil e preciso (quando não genial) e todos os personagens são igualmente considerados. O que torna Os Vingadores uma obra vibrante em toda sua duração e facilmente uma das mais empolgantes dos últimos anos.
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A Separação (Jodaeiye Nader az Simin, Irã, 2011teve uma trajetória quase unânime em premiações, iniciando com o recorde no Festival de Berlim, onde levou cinco prêmios, incluindo Melhor Filme, Ator (para o elenco masculino) e Atriz (para o elenco feminino), e culminando no último Oscar de Melhor Filme em Língua Estrangeira. Numa observação quase documental de seus personagens e situações, o diretor Asghar Farhadi empreende reflexões sobre verdade, culpa e responsabilidade sob o contexto social, político e religioso de seu país. Atuações naturais associadas a uma decupagem e a uma montagem brilhantes (além da supressão de música, presente apenas nos créditos finais) dão ainda maior verossimilhança e impacto a uma obra que emana tensão já na primeira cena  e que cresce exponencialmente até o final, reverberando por tempo junto ao expectador. Drama que revolve sentimentos e visões como se incitasse a quem assiste, A Separação certamente faz por merecer o reconhecimento. De um ano de pouca expressividade como 2011, sai como um de seus mais notáveis representantes.


Em Drive (Estados Unidos, 2011), Ryan Gosling interpreta um motorista que trabalha como mecânico e como dublê, mas também transportando assaltantes durante roubos, sem no entanto se envolver no crime e dando apenas cinco minutos para que os bandidos realizem a ação. Ele acaba se aproximando da vizinha de apartamento, interpretada por Carey Mulligan, que cuida sozinha do filho enquanto o marido está preso. Quando este é solto, volta devendo a criminosos e é impelido a realizar um assalto para quitar a dívida. E então, quando nega fazer o serviço e sua família é ameaçada, o motorista, buscando proteger aquelas pessoas por quem se importa, decide ajudar o rapaz. Mas algo dá errado e desencadeia uma série de eventos que faz alvo não só o motorista, mas todos que o cercam. De passado e nome não revelados, o protagonista de Drive vai aos poucos sendo descoberto, no que situações cada vez mais intensas lhe fazem os instintos aflorar, e deixa-se vislumbrar um âmago de violência e imprevisibilidade. O diretor dinamarquês Nicolas Winding Refn, em sua primeira produção americana, pega elementos de vários Cinemas (ação, romance, film noir) para formar um particularmente seu, inusitado e funcional. As atuações são excepcionais, e a quase certa indicação ao Oscar do veterano Albert Brooks como um gângster de fala sensata mas ameaçadora não aconteceu. O filme foi lembrado apenas em Melhor Edição de Som, consideração pequena demais para uma obra tão singular.
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