'O Vilarejo', de Raphael Montes

Sou fã assumida do Raphael Montes . Li "Suicidas" e "Dias Perfeitos" ano passado, e desde então espero o lançamen…

Sou fã assumida do Raphael Montes. Li "Suicidas" e "Dias Perfeitos" ano passado, e desde então espero o lançamento de uma nova obra. Estava bem ansiosa e cheia de expectativas para "O Vilarejo", lançado pela Suma de Letras no fim de agosto, e com certo receio de não ser tão bom quanto os dois primeiros livros dele. Afinal, essa nova obra tem uma proposta diferente, é um livro de contos de terror.

O livro começa com um Prefácio, onde o autor já mistura ficção e realidade. Ele conta que recebeu uma ligação do dono de um sebo no Rio de Janeiro, oferecendo a coleção de livros de uma senhora que morreu. Dentre a coleção, encontram-se alguns cadernos com capa de couro e escritos à mão, em uma língua estrangeira. Raphael então explica que decidiu traduzir esses cadernos, e são essas histórias que vamos ler.

A mistura da ficção com a realidade se dá no fato de que o suposto sebo, Baratos da Ribeiro, realmente existe. Além disso, eu já tive a oportunidade de assistir uma mesa literária com o Raphael Montes, e ele contou uma história semelhante, em que o dono do sebo uma vez ligou para ele oferecendo uma grande coleção de livros.

Pois bem, falando dos contos em si, temos 7 histórias. Cada uma representando um pecado capital: gula, inveja, soberba, luxúria, preguiça, avareza e ira, nessa ordem. Cada conto mostra a história de um personagem d'O Vilarejo, e não estão em ordem cronológica. Se você quiser começar a ler pelo terceiro conto e pular para o quinto, não tem problema, a leitura não será afetada. Apenas o último deve ser deixado para o final. Mas eu aconselho a ler na ordem em que está, tem um propósito nisso.

Não vou comentar conto por conto, porque eles são curtinhos e não tem como falar deles sem dar spoiler. Apenas vou citar meus preferidos: Banquete Para Anatole, O Porquinho de Porcelana da Srª Branka e Um Homem de Muitos Nomes.

Quando o livro termina, depois de ter te dado um tapa na cara, vem o Posfácio e te dá um soco.  E aí vem aquela sensação incrível, de quanto um livro te surpreende, mesmo depois de você pensar que não dava mais pra surpreender.

Raphael Montes conseguiu construir uma história incrivelmente bem-amarrada, sem deixar nenhuma ponta solta, e que no final faz o leitor refletir sobre a vida. Tenho que dar aqui os créditos também para o ilustrador Marcelo Damm, que com suas artes ajudou a dar vida à essa narrativa brilhante.
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