Atualmente, Fabrício tem trabalhado, principalmente, como compositor e editor musical de filmes, séries e comerciais. Ele cria e edita trilhas sonoras para produções audiovisuais, o que já rendeu a possibilidade de criar para marcas como Honda, Yamaha, Avon, Unilever, bem como a participação em produções da HBO, Netflix e Globoplay, e, é claro, games.
Em nossa entrevista, realizada por e-mail e áudios de Whatsapp, o músico comentou que sua fascinação pelo áudio começou com as trilhas dos jogos e jingles de comerciais. Tem como referência o maestro e compositor John Willians, responsável por quase todas as trilhas dos filmes do diretor Steven Spielberg. Sobre suas referências, que vem desde a infância, Fabrício comentou sobre os jogos que jogava sozinho e com a irmã:
Não tem como não deixar de falar do jogo 'Alter Beast', que é um jogo de Mega Drive. Foi meu primeiro vídeo game, e esse jogo vinha junto na caixa. Eu era bem novinho, era um jogo de terror, então foi bem impactante. Também jogava com minha irmã mais velha e ela tinha um Atari. Depois que ganhamos o Mega Drive, jogávamos bastante o 'Alex Kid', e só de falar o nome a musiquinha já vem na minha cabeça. Além desses, também teve 'Sonic' e 'Streets of Rage'.
Na adolescência a geração foi mudando, mas também teve o 'Super Mario World', que até hoje eu jogo e sou super fã das trilhas sonoras. Depois disso, o jogo mais definitivo pra mim e que me impressiona até hoje, é o 'Final Fantasy 7', que já tem um remake. Foi ali que me fez virar chavinha e me fez pensar o quanto eu já gostava de música. Ali surgiu a vontade de ser músico, fazer trilha de jogos pra as pessoas do mesmo jeito que eu fui impactado, com todas essas emoções. Foi um mix intenso com a história, o enredo e as músicas. O meu ídolo número um é o músico e compositor japonês, Nobuo Uematsu, que criou inúmeras trilhas sonoras para jogos.
Fabrício tem habilitação em composição musical e logo após o fim dessa graduação, trabalhou em algumas agências e produtoras. Em uma delas conheceu Max de Castro, filho do cantor Wilson Simonal. Foi ali que recebeu o convite para trabalhar na trilha sonora da cinebiografia do cantor, lançada em 2019.
Trabalhamos intensamente desde a edição das músicas à capela do Simonal, no sync com os atores que dublaram o cantor, na construção dos timbres de sintetizadores, assim como no material digitalizado das gravadoras antigas, cujo acervo digital é muito rico. Mas o que me marcou muito durante esse trabalho foi a cena em que o Simonal sai do palco, enquanto a banda continua a tocar, toma uma pinga em um bar e retorna ao show. Nós tínhamos esse material do som da banda e tivemos que sincronizar musicalmente de forma linear nos tempos musicais até a retomada do músico ao palco, e isso tinha que estar perfeito. Um desafio para quem é da área.
Entre seus últimos trabalhos audiovisuais, estão as séries 'Escola de Gênios' (Globoplay), 'Spectros' (Netflix), 'Alberto' (Univer Vídeo) e 'No Mundo da Luna' (HBO Max). Sobre suas composições, Fabrício comentou como funciona o processo de criação e liberdade criativa:
No audiovisual, o primeiro estágio da análise, é uma conversa com quem está produzindo, um diretor do filme ou série, diretor criativo ou produtor executivo. Essas reuniões ajudam a entrar no universo que está sendo criado. Quando a gente faz a trilha sonora de uma série ou filme, também ajudamos a contar a história. Leio o roteiro, conversamos sobre personagens, sentimentos, características psicológicas, como a definição de uma pessoa mais soberba, por exemplo.
A partir de um entendimento em comum, garantimos a liberdade para começar a criar. Ainda é necessário conversar e negociar, de acordo com cada situação da história e fazer os ajustes. Um exemplo é o uso do silêncio, que mais adiante pode se tornar algo mais angustiante. Sempre temos a possibilidade de sugerir ideias e questões de áudio, sendo na música ou trilha.
Um dia desejo participar de uma franquia, como a do 'Final Fantasy'. A XVI será lançada junho de 2023. A cada 10 anos eles lançam um novo, com uma história nova, em um mundo novo. Às vezes alguns universos são revisitados ou trazem alguma continuação. Almejo sim um dia poder participar da equipe de compositores de jogos assim, principalmente do Final Fantasy, que acho que é a maior inspiração que tive e continuo tendo. Em algum filme o que eu gostaria de trabalhar seria em algum da franquia do 'Star Wars'.
John Willians é a personalidade do cinema que mais sou fã. Sempre quando eu ouço alguma obra dele, fico impressionado com o cuidado, os detalhes. Ele orquestra, rege, compõe. É uma grande inspiração pra mim, imagino que pra muitos compositores que trabalham com o que a gente faz. Ele realmente é um cara incrível assim, espero que continue aí por mais tempo, sempre tocando o coração das pessoas.
