'Gato de Botas 2' é um lindo conto sobre o Ego e sua superação

A Psicóloga Bruna Lima comenta a animação de sucesso da DreamWorks

Se você está procurando por um filme animado, divertido e com uma abordagem psicológica interessante, 'Gato de Botas 2: O Último Pedido' é uma excelente opção. O filme fala sobre temas muito importantes nos dias de hoje como o egoísmo, a cooperação e a compaixão, assim como o narcisismo, espectros da psicopatia e a síndrome do pânico. Assista o trailer:

 
Desde os tempos mais antigos, os seres humanos sempre socializaram e precisaram uns dos outros. Nós gostamos de estar perto de outras pessoas, fazer amigos e ter relacionamentos amorosos, familiares e fraternais. No entanto, às vezes as relações humanas são difíceis e podem nos causar dores e decepções.

Talvez pelo medo da decepção, nos dias de hoje muitas pessoas preferem ficar sozinhas e cuidar mais de si mesmas. Isso pode ser bom, mas também pode nos fazer levar nós mesmo muito a sério.

Hoje em dia, o narcisismo é uma questão importante. Muitas pessoas estão focadas apenas em si mesmas e querem ser perfeitas em tudo. Isso pode fazer com que se sintam muito estressadas e ansiosas, e isso também pode prejudicar seus relacionamentos interpessoais. É importante lembrar que ninguém é perfeito e que é normal ter falhas e cometer erros.

O personagem principal, Gato de Botas, é um exemplo claro de narcisismo. Ele se apaixona pela ideia de quem ele é: um herói sempre pronto para salvar o dia. Ele se vê como um grande lutador, sedutor e acreditava que nunca perderia uma batalha.

No entanto, quando o Gato de Botas se depara com a ideia de finitude da sua existência, isso abre para a possibilidade de pensar diferente sobre a vida. Ele percebe que sua arrogância pode ter consequências graves e que ele precisa aprender a lidar com a possibilidade da perda e do fracasso. E é isso que o transforma em um herói que é capaz de amar aos outros além de si mesmo.

Narcisismo: um fenômeno que está sendo cada vez mais discutido

Existe na psiquiatria o diagnóstico de Transtorno de Personalidade Narcisista, ele é atribuído a indivíduos que possuem pouca empatia pelas pessoas e isso pode causar diversos problemas nos relacionamentos interpessoais.

O narcisista pode se mostrar arrogante e egoísta, e não se importar com as necessidades e sentimentos dos outros, o que provoca uma divisão, quebra, uma não entrega e uma falta de afetos nas relações.

Por outro lado, os afetos fraternais e amorosos nos unem e ajudam a criar relacionamentos possíveis, e dependendo do nosso empenho e escolha, saudáveis e felizes. Embora o amor não seja um sentimento tão fácil quanto parece, é o único que pode nos trazer alegria e felicidade nos relacionamentos com as pessoas que escolhemos.

É importante lembrar que, para construir boas relações, é preciso ter empatia, se preocupar com os outros e estar disposto a ouvir e a se comprometer. O amor é uma via de mão dupla e requer esforço e dedicação, mas vale a pena quando nos conectamos de maneira significativa e gratificante.

O Completo Desamor

O personagem João Trombeta abusa de autoridade, é mimado, tem comportamento criminoso e egoísta, quer ser poderoso, e não enxerga humanidade em ninguém. Para ele todos são meros objetos na sua conquista de poder.

Talvez por isso o personagem tenha tem uma cabeça desproporcional ao tamanho do seu corpo, ele ainda pensa como uma criança, tem a visão de mundo de um bebê que para os pais são sempre como uma majestade.

No entanto, em termos gerais, comportamentos como abuso de autoridade, egoísmo e busca cega pelo poder podem ser associados a traumas ou vergonha profunda, que levam a comportamentos inconsequentes e busca por validação através de vieses ditatoriais e controladores.


Poderíamos dizer que João Trombeta leva o narcisismo às ultimas consequências 
e que dá indícios de uma personalidade psicopática. A psicopatia é um transtorno de personalidade caracterizado por comportamentos antissociais, falta de empatia e remorso, impulsividade e manipulação.

Indivíduos com psicopatia tendem a ser insensíveis aos sentimentos dos outros, agir sem consideração pelas consequências de suas ações e não tem interesse em manter relacionamentos interpessoais saudáveis a não ser que possa tirar algum proveito disso.

A psicopatia é considerada uma condição crônica e de difícil tratamento, e pode estar associada a comportamentos criminosos e violentos. É importante notar que a psicopatia não deve ser confundida com psicose ou distúrbios de humor, como a depressão ou a ansiedade.

Em conclusão, é importante lembrar que, em nossa sociedade cada vez mais hedonista e auto centrada, traços de personalidade como narcisismo e psicopatia podem se tornar mais comuns. No entanto, ao reconhecermos nossas próprias limitações e aprendermos a valorizar e respeitar as necessidades dos outros, podemos criar relações interpessoais mais satisfatórias e saudáveis.

É fundamental construir conexões mais significativas com os outros. Ao nos tornarmos mais conscientes de nossas próprias necessidades e limitações, podemos cultivar uma maior empatia e compaixão pelos outros, e, assim, construir uma convivência mais equilibrada e respeitosa.

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