'É Fada' marca a estreia de Kéfera Buchmann como protagonista nos cinemas

Filme é a primeira adaptação de Thalita Rebouças para os cinemas

'É Fada' marca o retorno dos filmes adolescentes ao cinema nacional, que anteriormente foram marcado por 'Confissões de Adolescente' e 'Hoje Eu Quero Voltar Sozinho'. Dirigido por Cris D’Amato e produzido por Daniel Filho, acompanhamos uma narrativa simples e dentro do esperado pelo público jovem, com um filme divertido, mesmo que não traga nada de muito novo.

Logo no início do filme a fada Geraldine (Kéfera Buchmann), que deixa de ser a guia de Felipão após o fatídico "7 a 1" da copa de 2014. Sem dúvidas esse é um dos primeiros ganchos para prender o público para prender os fãs da Kéfera (que já era atriz antes de ser youtuber), para remeter a seu primeiro vídeo do canal. Como o serviço do técnico não foi finalizado adequadamente, Geraldine perde as asas e depois de implorar muito ganha uma última chance de ajudar alguém.

Dessa vez a fada assume o caso de Julia (Klara Castanho), uma adolescente que está entrando em uma nova escola e sofre com as diferenças de realidade sociais e financeiras entre seus pais. Ela sempre foi mais conectada com o pai, Vicente (Silvio Guindane), que a criou depois que a mãe, Alice (Mariana Santos), foi embora do país para estudar e só retornou anos depois com uma nova família.

Os maiores problemas de Julia envolviam autoestima e aceitação de quem ela era. E apesar de Geraldine entender um pouco errado essas situações, ela consegue encorajar a garota a se arriscar, mesmo que muitas vezes não dê muito certo. E nesse ponto é preciso deixar claro, a fada tem ideias um pouco antigas, falando de contos de fadas, príncipes, bruxas e princesas. Mas considerando que em uma de suas falas ela diz ter "trabalhado" pelo ano de 1700, é bem compreensível esse pensamento, mesmo que ela já saiba como usar aplicativos de celular ou melhor forma de fazer uma selfie.

Nessa nova escola Julia sofre com colegas que estão em um "padrãozinho" e não aceitam ver nada de diferente disso. Logo de cara ela faz amizade com Pedro (João Fernandes), que cede um lugar na classe para ela. Ele é filho do dono da cantina e rejeitado pelas patricinhas da escola, mas ele não deixa isso afetar sua vida, muito pelo contrário. Ele sabe enfrentar elas.


Em muitos aspectos o filme lembra muito comédias adolescentes americanas, até porque é impossível fazer um filme para esse público sem trazer um pouco de clichês e esteriótipos. Talvez as principais referências (dos roteiristas ou da Thalita Rebouças, que escreveu o livro que inspirou o filme) tenha sido os filmes 'Ela é Demais' e 'Meninas Malvadas', dois clássicos da Sessão da Tarde. Os dois também retratam um universo parecido com o de Júlia, só que sem a fada.

Com Geraldine, Kéfera mostra que consegue mostrar ao público que pode sair de sua persona da internet e conectar-se a uma personagem, mesmo que essa tenha características muito próximas ao que vemos em seus vídeos. No filme, ela apresenta várias caracterizações ao vigiar Júlia pela escola ou locais públicos, até porque era uma das formas de aparecer em público sem a saia brilhosa de fada.

E todo alvoroço feito pela participação da atriz no filme tem uma explicação: ela representa uma geração de fãs. Da mesma forma que na minha época Freddie Prinze Jr., Mandy Moore, Amanda Bynes, Lindsay Lohan e Hilary Duff eram ovacionados, é bom ver que uma artista nacional consiga atingir esse patamar de fãs e sem ter caído nas loucuras da vida.

Klara continua mostrando segurança em cena e faz com que seja uma das jovens atrizes mais promissoras que vamos ter nos próximos anos. Sem esquecer de comentar sobre João, que com Klara fez um ótimo par, mesmo sem cenas românticas.

Considero que dois grandes destaques desse filme são Mariana Santos e Silvio Guindane. Normalmente os dois ganham papéis direcionados a um humor escrachado e fácil, porém, como pais de Julia, conseguem mostrar um lado mais dramático e sem dúvidas foram ótimas escolhas para os personagens.

E não podemos esquecer da trilha sonora. 'É Fada' foi um dos poucos filmes nacionais que ganhou um trilha com grande destaque, tanto nas lojas como nos streamings. Obviamente a presença de Kéfera com 'Eu Sou Fadona' e 'É Fada' acelerou os processos de vendas. Mas não dá para negar que é muito bom ver que em um filme nacional, onde nossos adolescentes buscam muitas referências em artistas do exterior, somente uma música é cantada em inglês. Uma das possibilidades desse êxito foi ter Guto Graça Mello na direção musical, que já fez vários trabalhos voltados para esse público.


Concluindo, 'É Fada' está longe de ser o melhor filme adolescente, mas sem dúvidas diverte, agrada seu público alvo e consegue apresentar um elenco jovem e nacional com muito êxito. E sem dúvidas vai abrir portas para novos filmes para esse público, que estão chegando nos próximos meses.
Postar um comentáriofacebookdisqus

0/0 Comentários/Comentários

A+
A