Bingo: O Rei das Manhãs | Crítica

A TV dos anos 80 foi, sem dúvidas, um marco para várias gerações no Brasil. Vários programas, ou formatos, que começaram nessa década a…

A TV dos anos 80 foi, sem dúvidas, um marco para várias gerações no Brasil. Vários programas, ou formatos, que começaram nessa década ainda estão no ar pelas emissoras de TV aberta.

E por muito tempo a programação infantil não foi muito diferente. Em meio a Xuxa, Angélica, Mara Maravilha e muitos desenhos animados existia o Bozo, um palhaço que veio da programação norte-americana direto para as telas do SBT. Com ele, foi criado não só um personagem, mas um ícone da cultura pop. 'Bingo: O Rei das Manhãs' ajuda a lembrar que esse foi um momento em que a televisão brasileira não tinha muitos limites.

Inspirado na história de Arlindo Barreto como o personagem Bozo, em 'Bingo', conferimos a vida de Augusto Mendes (Vladimir Brichta), um ator de pornochanchada, que está cansado do que faz e quer destaque na TV. E mesmo que sua mãe, Marta Mendes (Ana Lúcia Torre), tenha sido uma grande estrela, ele não utiliza isso como artifício para buscar seu espaço. Em meio a negativas na TV Mundial (referência a Globo), ele vai em busca de uma oportunidade na concorrência, a TVP (referência aos SBT). Chagando lá ele percebe uma fila de palhaços e resolve trocar o teste que tinha para uma novela pelo teste de um novo programa infantil.


Depois de ver tantos atores recebendo negativas, ele percebe que a vez dele precisa ser diferente. A apresentação, realizada em frente a diretora, Lúcia (Leandra Leal), e o produtor do formato original, Peter Olsen (Soren Hellerup), precisava fazer rir, afinal, é normalmente que um palhaço faz. E ele consegue, porém, precisa controlar seus impulsos inicialmente, até a produção ter confiança no que ele faria em frente às câmeras.

Em meio a briga pela audiência e o incrível sucesso de Bingo pelo Brasil, Augusto percebe que o dinheiro pode conquistar muitas pessoas, afinal, ele não pode contar com a fama. Por contrato a identidade do personagem não poderia ser revelada. E  falta de exposição pessoal afeta muito a relação com seu filho Gabriel (Cauã Martins), que sente-se perdido e sem o carinho do pai, que tem dado mais atenção às festas, mulheres, bebidas e drogas.


'Bingo: O Rei das Manhãs' traz uma nítida visão da fama, tudo o que ela pode causar e como pode afastar as pessoas. Com uma mistura clara de ascensão e fracasso, Vladimir Brichta trouxe emoção para um personagem explosivo e, muitas vezes, incontrolável. Sua entrega é excelente e faz com que o público fique satisfeito ao fim do filme. Mesmo sabendo que parte das histórias são ficção, a base do personagem e seu criador está ali. Leandra Leal mostra um lado durona na tela, com falas secas, mostrando que sua personagem não precisa se render aos desejos dos outros para alcançar seu espaço.

Sem dúvidas é um filme que traz uma grande adição ao cinema nacional, com uma boa lembrança histórica, interpretações e fotografia. Ajuda a mostrar que a fama pode não ser algo benéfico se não for bem administrada. Sem esquecer que muitas vezes ela faz com que as pessoas parem de enxergar ao seu redor e pensem somente em si mesmas.

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