'Cidade dos Etéreos', de Ransom Riggs

Em 'Cidade dos Etéreos' , de Ransom Riggs , segundo livro da série 'O lar da Srta. Peregrine para crianças peculiares'…

Em 'Cidade dos Etéreos', de Ransom Riggs, segundo livro da série 'O lar da Srta. Peregrine para crianças peculiares', acompanhamos a jornada e aventuras dos jovens peculiares para conseguir salvar sua ymbryne Alma Peregrine, presa em sua forma de ave. 

Após a invasão e destruição de sua fenda temporal bem como o rapto da Srta. Peregrine, as crianças partem em uma busca incessante por segurança e cura para sua ymbryne, enfrentando muitas adversidades pelo caminho como fome, a falta de sono, acólitos e etéreos, sem ao menos saber por onde começar a procura ou que direção seguir.
Também me despedi, em silêncio, de um lugar que me transformou para sempre, de um lugar que, mais que qualquer cemitério, guardaria para sempre a memória e o mistério de meu avô. Meu avô e aquela ilha estavam completamente interligados, e me perguntei, agora que os dois não existiam mais, se um dia eu entenderia o que tinha acontecido comigo: o que eu havia me tornado; o que estava me tornando. Eu tinha ido à ilha solucionar o mistério que era meu avô e acabara solucionando meu próprio mistério. Ver Cairnholm desaparecer era como ver a última chave que restava para o mistério afundar sob as ondas escuras. (p. 22)
O livro é basicamente a ligação entre o primeiro e o terceiro livro e começa exatamente onde o anterior terminou, com as crianças em alto mar fugindo da ilha em pequenos barcos. Particularmente acho que esse livro foi sem graça, sem grandes emoções e até desnecessário. Se fosse resumido em três capítulos bem escritos e englobados em um dos outros livros teria sido melhor, pois o ritmo é lento, arrastado e enrolado. O último capítulo tem uma reviravolta inesperada, mas apenas isso.
Eu não falei em destino. Em minha visão, quando se trata das coisas realmente importantes da vida não existem acidentes. Tudo acontece por uma razão. Você está aqui por um motivo, e não é para cair e morrer. (p. 43)
Dois pontos importantes foram resolvidos nesse livro: a infantilização dos personagens por vezes exagerada (tinha que lembrar em muitos momentos que Jacob e Emma eram dois adolescentes) e a superficialidade dos demais personagens. Aqui os outros peculiares ganham mais destaque e suas personalidades foram mais trabalhadas. 

Há também novos personagens que são inseridos no decorrer da história, novos etéreos mais fortes e desenvolvidos, acólitos mais inteligentes e intimidadores e novos peculiares relevantes para o desenvolvimento da narrativa. Trás novos dilemas e conflitos mais dramáticos e também elementos do mundo peculiar, como o Mapa dos Dias e o livro 'Contos Peculiares', também publicado pela editora Intrínseca, que são importantes para a história.
Não tem a ver com destino. Acho que existe um equilíbrio no mundo, e às vezes forças que não compreendemos intervêm, botando mais peso no lado certo da balança. A srta. Peregrine salvou meu avô, e eu estou aqui para ajudar a salvá-la. (p. 96)
Neste livro fica ainda mais claro o quanto aqueles que não se encaixam no "padrão" precisam se esconder para sobreviver, como expõem a seguinte passagem:
(...) Também há honra na sobrevivência – retrucou Millard. – Nossa espécie sobreviveu ao século XX se escondendo, e não lutando, então talvez a gente só precise de um jeito melhor de se esconder. (p. 321)
Assim como no livro anterior, o final fica em aberto, fazendo com que a história prossiga exatamente de onde parou, deixando inúmeras perguntas para serem respondidas no último livro. A edição do livro está primorosa, em capa dura. É bem diagramado, com fotos e ornamentos nas páginas. O tamanho da fonte e espaçamento são bons, não deixando a leitura pesada. 

No inicio do livro vem uma breve apresentação de cada personagem e ao final o primeiro capítulo do terceiro livro, 'Biblioteca de Almas', bem como uma entrevista com o autor, porém não leia antes de terminar a leitura, pois possui spoilers!
Mas não da para se sentir mal o tempo todo, quis dizer. Rir não piora as coisas, assim como chorar não as melhora. Não significa que você não se importe ou que tenha esquecido. Só quer dizer que você é humana. (p. 274)


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