Encontrando sua própria forma de amar em 'Fire Island: Orgulho & Sedução'

Inspirado na obra de Jane Austen, filme traz amigos curtindo o verão


Inspirado na obra 'Orgulho & Preconceito', de Jane Austen, 'Fire Island: Orgulho & Sedução' é uma comédia romântica da Searchlight Pictures, com direção de Andrew Ahn e lançada exclusivamente pelo Star+. Considerando sua grande inspiração, a maior diferença é que todos os personagens dessa versão são LGBTQIAP+. Para fazer uma conexão com a história que foi inspirada, logo no início do filme é apresentada a frase da autora que abre o livro:

É uma verdade universalmente reconhecida que um homem solteiro, de posse de boa fortuna, deve estar atrás de uma esposa.

O verão é pano de fundo para a história dos amigos Noah (Joel Kim Booster), Howie (Bowen Yang), Luke (Matt Rogers), Keegan (Tomás Matos) e Max (Torian Miller), que viajam anualmente até Fire Island, uma ilha ao sul de Long Island, para ficar em uma casa com Erin (Margaret Cho), uma espécie de mãe para todos nesse momento de férias. A ilha tem uma grande comunidade LGBTQIAP+ e esse período é marcado por inúmeras festas.


Os protagonistas dessa história são Noah e Howie, amigos de longa data e de inúmeros verões. O primeiro não tem muito apego as relações que tem, já o segundo está interessado em algo mais sério, romântico e possivelmente duradouro. Ou seja, são as personificações de Elizabeth e Jane Bennet.

Considerando que Howie nunca esteve em um relacionamento sério, e busca isso em um momento que já tem 30 anos, Noah promete ajudar o amigo. Porém Noah esquece que a forma como ele pensa e age não é a mesma do outro. De certa forma, ele demora para perceber que seu jeito um tanto extremo ao definir a personalidade das pessoas, atrapalha e dá insegurança para seu amigo, que não vê problema em conhecer alguém muito antes de ficar (ou transar) com a pessoa.


Howie se vê apaixonado logo na primeira festa por Charlie (James Scully), que está acompanhado de seus amigos Will (Conrad Ricamora) e Cooper (Nick Adams) - esse último, responsável por inúmeras brigas entre os amigos e ainda apresenta seus preconceitos com frequência. Noah, Luke, Keegan e Max acompanham seu amigo para ver até onde o relacionamento iria ir, além de dar apoio e conselhos quando necessário.

Um ponto interessante dessa história, que pode ser levado para a vida real, é como esses julgamentos, podem nos impedem de dividir com amigos o que estamos sentindo. Muitas vezes somos julgados (eu me incluindo nessa) como intensos, confusos ou até sonhadores demais. 


Alguns amigos não percebem que esse espaço para conhecer é uma forma de criar confiança em si mesmo e também naquele outro que você está começando a gostar. E tá tudo bem se você não é daqueles que fica por ficar. Seu jeito e sua felicidade precisam valer mais a pena (o que não deixa de ser uma forma de demonstrar seu amor próprio). Com isso, o filme também traz cada personagem entendendo como funciona melhor seus relacionamentos, seja monogâmico ou aberto. 

Falando sobre a parte da "sedução" do filme, posso dizer que a censura 18 anos para o filme chega a ser um pouco exagerada. Talvez o trailer dê essa impressão que ele é mais sexual, mas sinceramente, achei leve. Existem cenas mais explicitas, mas nada que outras séries e filmes com elenco hétero não tenha apresentado e recebido uma censura mais baixa.


Sobre o elenco, conhecia poucos, talvez com maior lembrança para Margaret Cho, que está sensacional como Erin, dando vida a uma versão da Sra. Bennet. Já os personagens Luke, Keegan e Max trazem diferentes tipos de humor (e até um pouco de drama), que complementam a narrativa de forma espetacular. O elenco ainda traz Zane Phillips como Dex, em uma narrativa do uso indevido de dados na internet sem consentimento, importantíssima para os dias de hoje.

Fiquei muito contente com as escolhas do elenco e de como a narrativa foi contatada. Certamente assistiria uma sequência. Talvez com um novo destino para esse grupo de amigos.

E não posso esquecer de um detalhe! 'Sometimes', da Britney Spears, ganha duas versões nesse filme: uma cantada pelo elenco em um momento de karaokê e outra nos momentos finais, com a banda MUNA, que ficou sensacional.

*Texto construído após uma longa conversa sobre o filme (e vida) com @Da5vi

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